
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou nesta quarta-feira (4) a prisão preventiva da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), após pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Além da prisão, Moraes determinou:
➡️ o bloqueio dos passaportes, incluindo o passaporte diplomático que ela obteve por ser deputada;
➡️ bloqueio de salários e outras verbas, bens, ativos e contas bancárias, incluindo PIX;
➡️ bloqueio de veículos, incluindo embarcações e aeronaves eventualmente em nome dela;
➡️ bloqueio dos canais e perfis em redes sociais como Gettr, Facebook, Instagram, LinkedIn, TikTok e X;
➡️ multa diária de R$ 50 mil contra a deputada por postagens que "reiterem as condutas criminosas";
➡️ que o governo brasileiro peça, via Polícia Federal, à Interpol a inclusão do nome de Zambelli na lista vermelha da Interpol.
"A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firme no sentido da decretação da prisão em razão da fuga do distrito da culpa, quando demonstrada a pretensão de se furtar à aplicação da lei penal", afirma um trecho da decisão de Moraes.
Sobre o bloqueio dos salários e outras verbas da parlamentar, Moraes determinou que o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, seja imediatamente comunicado da decisão para fins do cumprimento.
Nesta quarta, a assessoria da deputada confirmou que ela está no estado da Flórida. No último dia 25, ela deixou o Brasil pela fronteira com a Argentina e se dirigiu para Buenos Aires, de onde voou para os Estados Unidos.
A deputada afirmou que vai se submeter a tratamento médico e se licenciará do mandato.
Após a decisão de Moraes, Zambelli emitiu nota em que classificou a ordem de prisão como "ilegal, inconstitucional e autoritária".
O BRASIL VIVE TEMPOS DE CONTRESTES
A recente concessão de asilo político pelo Brasil à ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, condenada por corrupção, contrasta fortemente com um Brasil que condena e absorve de forma quase simultânea. A deputada federal brasileira Carla Zambelli, que enfrenta uma ordem de prisão e possível inclusão na lista da Interpol, evidencia as complexidades e aparentes contradições nas políticas internacionais e nacionais relacionadas a crimes, sejam de corrupção, seja de delitos cibernéticos.
Nadine Heredia, ex-primeira-dama do Peru e ex-presidente do Partido Nacionalista, foi condenada a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro. Ela foi considerada culpada de receber contribuições ilícitas da construtora brasileira Odebrecht e do governo venezuelano de Hugo Chávez para as campanhas presidenciais de seu marido, Ollanta Humala, em 2006 e 2011. Após a sentença, Heredia buscou refúgio na Embaixada do Brasil em Lima, e ganhou. O Brasil "hospeda" uma condenada por usar a máquina pública, pedir e ganhar propinas, entre outros crimes. O governo brasileiro, do presidido por Luiz Inácio Lula da Silva, concedeu o asilo, e, com a aprovação do governo peruano, ela e seu filho menor receberam salvo-conduto para deixar o país, chegando a Brasília em um voo oficial da Força Aérea Brasileira.
Do outro lado, temos agora a brasileira Carla Zambelli, deputada federal pelo Partido Liberal (PL-SP). Ela enfrenta uma série de acusações criminais. Em março de 2024, ela foi indiciada pela Polícia Federal por invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em colaboração com o hacker Walter Delgatti Neto. Eles teriam inserido informações falsas nos sistemas do CNJ, incluindo um mandado de prisão fraudulento contra o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. Em abril de 2024, a Procuradoria-Geral da República denunciou Zambelli e Delgatti por invasão a dispositivo de informático e falsidade ideológica. Em 3 de junho de 2025, após ser condenada a dez anos de reclusão por sua participação na invasão ao sistema do CNJ, Zambelli anunciou que havia deixado o Brasil e que pretendia se estabelecer na Itália, onde possui cidadania. No mesmo dia, a Procuradoria-Geral da República requereu sua prisão preventiva e a inclusão de seu nome na lista da Interpol. E ganhou do ministro Alexandre de Morais, que foi o mesmo relator da condenação.
Agora temos uma corrupta, Nadine Heredia, protegida no Brasil, e uma condenada por falsidade ideológica, Carla Zambelli, buscando abrigos em outros paises para não ser presa no seu. De uma lado, a complexidades das relações internacionais e das políticas internas no tratamento de crimes de corrupção finaceira; do outros o delito cibernético.
Enquanto o Brasil concede asilo a uma figura política estrangeira condenada por corrupção em seu país de origem, evitando que ela seja presa e pague pelo seu crime, o mesmo Brasil busca mundo a fora, agora, a sua parlamentar brasileira que tenta fugir em buscas internacionais de proteção de outros países.
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