
O lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, preso desde novembro de 2024, recebeu autorização para cumprir prisão domiciliar após perder mais de 30 kg. Ele passou por uma cirurgia bariátrica em 2020 e precisava seguir uma dieta restrita. O seu quadro de saúde se agravou após a prisão.
Imagens divulgadas após a saída da prisão mostraram Andreson visivelmente debilitado, com aparência esquelética. Ele estava detido em um presídio federal no Distrito Federal e agora cumprirá prisão domiciliar em Primavera do Leste, a 239 km de Cuiabá. Segundo a defesa, ele teve crises psicológicas e perdeu peso por causa da alimentação inadequada e da falta de contato com a família.
O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, Juliano Canavarros, explicou ao g1 que o procedimento feito por Andreson (cirurgia gastrectomia vertical com interposição íleal) combina duas técnicas: uma que reduz o estômago e outra que altera o trajeto do intestino para acelerar a digestão.
“O objetivo é fazer com que o alimento chegue mais rapidamente ao final do intestino, estimulando a liberação de hormônios chamados incretinas, que ajudam no controle da saciedade e podem levar à perda de peso”, afirmou.
O especialista destacou, no entanto, que esse tipo de cirurgia exige um acompanhamento rigoroso e contínuo com uma equipe multidisciplinar, formada por nutrólogos, nutricionistas e psicólogos.
“Sem esse acompanhamento, o paciente pode desenvolver sérias complicações. Uma boa nutrição é a chave para uma boa evolução”, alertou.
Em fevereiro de 2025, enquanto ainda estava na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá, Andreson já havia solicitado na Justiça o direito a uma alimentação especial, adequada à sua condição de saúde. Na ocasião, a Justiça de Mato Grosso autorizou a entrega de refeições específicas três vezes por semana.
Entre os itens autorizados estavam carne assada, atum, chocolates e outros alimentos compatíveis com sua dieta .
Operações
Andreson é investigado no âmbito da Operação Sisamnes e Operação Ultima Ratio, que apuram um suposto esquema de comercialização de decisões judiciais no Tribunal de Justiça de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Ele é apontado como articulador do esquema e fazia a 'ponte' entre advogados e magistrados, facilitando o esquema de corrupção no Judiciário.
Na operação Sisamnes, foram cumpridos mandados de busca e apreensão nas casas dos desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho, ambos afastados das funções por suspeita de envolvimento.
Já na Operação Ultima Ratio cinco desembargadores de Mato Grosso do Sul foram afastados da função. Em ambas as operações, Andreson foi alvo da Polícia Federal.
A investigação começou após a morte do advogado Roberto Zampieri, assassinado em dezembro de 2023. De acordo com a polícia, em agosto de 2024, um perícia no celular do advogado encontrou áudios de Andreson em que relata cobranças de pagamentos, supostamente em troca de decisões favoráveis, em aberto ao advogado.
As mensagens no celular de Zampieri também levaram ao afastamento dos desembargadores de Mato Grosso.
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