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  12:35

Escapismo, moda e hobbies: o que buscamos durante e depois do caos?

Sei que você já deve ter visto ou ouvido falar sobre alguns ou todos esses temas: Labubus, Bobbie Goods, bebês reborns, journal. Mas o que tudo isso tem em comum? Todas essas são microtendências que se ligam a uma tendência maior, que é o escapismo. Mas, para falar sobre atualidade, precisamos resgatar o passado. Então, daremos um breve passeio que começa lá em 1920.

1920 – A liberdade como fuga  

O contexto histórico é: as pessoas tinham acabado de sair da Primeira Guerra Mundial, que durou de 1914 a 1918 e mexeu com a cabeça de literalmente todo mundo. Com toda essa apreensão, toda essa incerteza do pós-guerra, as pessoas só queriam se sentir livres, felizes, escapar pra outro lugar, algum que tivesse paz.

E encontraram nas artes, na música e na moda uma forma de se sentirem assim. O jazz cresceu absurdamente, e em noites de música, de boemia e de liberdade, surgiram também as melindrosas — mulheres com roupas soltas e cabelos curtos, indo contra os padrões de indumentária da época. Todas essas foram formas de fugir da realidade, tanto é que esses foram chamados “Anos Loucos".

Melindrosas 

1940 – Escapismo vira palavra e necessidade 

Em 1940, com a Segunda Guerra Mundial esquentando e prestes a explodir, surgiu o termo “escapismo” pra descrever a forma como as pessoas estavam buscando fugir da realidade — seja por meio da arte, música, cinema, ou até pela fuga para a natureza, que sempre transmite uma sensação de paz e aconchego. 

New Look, de Christian Dior

2020 – Pandemia, telas e compras online

Chegamos finalmente em 2020, ano de pandemia, onde todos estávamos enclausurados, sem poder sair ou ter contato humano. E aqui encontramos nos celulares e nas redes sociais a nossa válvula de escape, nossa forma de nos conectarmos com outras pessoas e conhecer novos lugares.

As redes sociais cresceram rapidamente, principalmente o TikTok, e as compras digitais também tiveram um crescimento absurdo nesse período. Todo dia algo novo chegava em casa, e um novo unboxing era feito — principalmente com roupas — pra serem usadas quando a loucura acabasse.

Pós-pandemia – Policrises e a busca por alívio 

Agora estamos em 2024. A pandemia nos deixou marcas profundas. E uma delas foi o vício em celular, em telas, em redes sociais. O que era uma válvula de escape se tornou uma das causas do problema. Um relatório feito pela We Are Social (uma agência global de marketing digital) mostrou que o Brasil é o terceiro país do mundo que mais mexe no celular e em redes sociais. E dados da OMS mostram que o Brasil é o país mais ansioso do mundo. Será que é uma coincidência? Acho que não.

A pandemia passou, mas as “policrises” — como a WSGN está chamando — só cresceram e continuam: crise climática, econômica, social... tudo isso só nos deixa mais ansiosos. E aí essas válvulas de escape se tornam cada vez mais presentes. Assim surgiram estéticas na moda como o cottagecore, que remete a uma coisa mais campestre, natureza, e a coquette, que remete a coisas hiperfemininas, com laços, vestidos rodados... que podemos ligar ao que aconteceu no pós-Segunda Guerra, com o New Look de Dior: peças ajustadas na cintura, saias rodadas, bem hiperfemininas.

Mais uma vez, essas duas tendências são uma forma de escapar da realidade. Estão ligadas a mundos imaginários, e podem até remeter à infância, onde tudo era mais fácil, onde não tínhamos tantos problemas quanto agora.

Cottage e Coquette, estéticas que surgiram no pós pandemia

2025 – Nostalgia como cura 

Mas agora, mais do que nunca, esse escapismo se faz necessário e está mais presente do que antes — não só na moda, mas nos outros aspectos da vida humana também.

Bonecos colecionáveis, livros de colorir, diários reformulados, toca-discos... tudo isso é uma forma de nostalgia, de voltar a uma época mais simples, mais tranquila e, ao mesmo tempo, escapar do caos que estamos vivendo agora.

O impacto no mercado Conexão e propósito 

Essa macrotendência do escapismo está refletindo na forma como consumimos. Com tantos estímulos ao nosso redor, principalmente nas redes sociais, não é qualquer postagem que chama atenção. As marcas precisam contar uma história, gerar conexão com o consumidor de alguma forma — seja por uma publicação, um produto, ou até mesmo encontros físicos entre marca e comunidade.

E além disso, como já falei aqui, tem a crise climática. Cada vez mais vemos mudanças e catástrofes acontecendo. As marcas precisam se posicionar a favor da sustentabilidade, senão essa conexão com o consumidor vai se perder. Não há mais tempo pra greenwashing, agora é tempo de realmente fazer algo pelo planeta.

De acordo com dados da WSGN (uma das maiores plataformas de previsão de tendências do mundo), 47% da Geração Z espera que as marcas apoiem a sustentabilidade. E esse número só tende a crescer — porque as pessoas querem continuar vivendo, e vivendo num

mundo saudável.

8. O depois do caso

Pensando em tudo isso, parece que a gente tem um antes e depois da pandemia. E esse depois é feito de escapismo como forma de preservar a saúde mental, e sustentabilidade

como forma de preservar o planeta.

Tudo ao nosso redor esta um caos, e no meio dele buscamos aconchego, por meio de pequenos hobbies, coleções e até mesmo nas luzes amarelas. E essa é só a ponta do iceberg. Espero que esse texto tenha te ajudado a entender um pouco mais sobre esses temas e a se situar nas coisas que estão acontecendo agora no mundo.

Com carinho,

B.C.

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