
O estado da Bahia ficou na lanterna entre no novo levantamento sobre alfabetização infantil divulgado na sexta-feira (11/07) pelo Ministério da Educação (MEC). Segundo o Indicador Criança Alfabetizada, baseado em dados do Inep, apenas 36% dos estudantes baianos do 2º ano do ensino fundamental conseguem ler e escrever textos simples. O índice está muito abaixo da média nacional de 59,2%, e distante da meta de 60% estabelecida pelo governo federal para 2024.
O cenário se torna ainda mais alarmante quando comparado a estados como Ceará (85,3%), Goiás (72,7%) e Minas Gerais (72,1%), que lideram o ranking. Já a Bahia aparece na ponta oposta, ao lado de outros estados com desempenho insatisfatório, como Amazonas, Pará, Rondônia, Paraná e Rio Grande do Sul, este último afetado pelas enchentes de 2023.
GOVERNADOR DEFENDE A APROVAÇÃO AUTOMÁTICA DE ALUNOS
O resultado negativo da Bahia gerou reações. Durante entrevista recente, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT) responsabilizou as escolas e os próprios professores pelas reprovações no processo de alfabetização de alunos.
“Fico muito triste quando vejo professoras e professores reprovando alunos. Não pode ser um professor que vai dizer, no final do ano: ‘você está reprovado’”, afirmou o governador.
Para ele, a escola que reprova é uma “escola autoritária e preconceituosa”. “E não cabe na Bahia uma escola ser autoritária”, completou. As declarações repercutiram entre educadores, que consideraram a fala desrespeitosa com a autonomia pedagógica dos docentes, especialmente em um contexto de resultados tão preocupantes.
O levantamento nacional envolveu cerca de 2 milhões de alunos em 42 mil escolas públicas de 5.450 municípios brasileiros. A meta do governo federal é que todos os estados alcancem, até 2030, o índice de 80% de crianças alfabetizadas até os sete anos.
PROFESSORES ENFRENTAM BAIXOS SALÁRIOS E PARALISAÇÕES NA REDE ESTADUAL DA BAHIA
Enquanto os índices de alfabetização preocupam, professores da rede estadual da Bahia lidam com outra realidade difícil: baixos salários e condições precárias de trabalho.
A remuneração inicial de um professor com jornada de 40 horas semanais, aprovada com o reajusta do piso nacional deste ano, ficou em R$ 4.965,24, mas muitos profissionais recebem menos devido a contratos temporários, carga horária reduzida ou falta de progressão de carreira.
Nos últimos anos, diversas greves e paralisações ocorreram no estado. A categoria tem denunciado atrasos de pagamentos, não cumprimento do piso nacional do magistério e falta de valorização. Em 2023, por exemplo, o sindicato que representa os professores chegou a paralisar as atividades por mais de 15 dias, exigindo reajuste salarial e melhores condições nas escolas públicas.
A precarização do trabalho docente, somada à ausência de políticas de formação continuada e investimentos estruturais nas escolas, é apontada por especialistas como um dos fatores que comprometem os resultados da alfabetização na Bahia.
Frente a isso, educadores e entidades cobram que o governo estadual assuma sua responsabilidade e dialogue com a classe, ao invés de culpabilizar diretamente os professores pelos baixos desempenhos, como sugerido nas falas recentes do governador.
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