Entre no
nosso grupo!
WhatsApp
  RSS
  Whatsapp

  13:48

Dia de Prova Final

Quem nunca ficou de prova final que atire a primeira pedra, porque bom mesmo era o tempo em que só as pedras eram lascadas...

 Fonte: Google Imagens

Prova final é daquele jeito. É um dia em que se observa todo tipo de comportamento humano de alunos e professores em sala de aula e fora dela. E como não bastasse um dia, a escola elenca uma semana de provas finais decisivas na vida dos alunos.

A semana de provas finais está lançada. A escola inteira se organiza para este evento. Uma cota de estresse extra atinge a todos nestes dias lentos. Acelerar conteúdo das provas; não faltar às revisões das matérias; nunca desagradar o professor, senão a prova azeda de vez. Numa sala onde cabem trinta alunos, quarenta espremem-se para aprender a apreender. Os ventiladores do teto mais fazem barulho do que moderam o calor do tempo e do corpo.

O dia D

O último iluminista, o professor, organiza as carteiras irrequietas para realizar as provas finais do dia e não admite que nenhum caderno espertinho permaneça à deriva da pesca iminente. Isso é também um teste para o educador, pois, muitas vezes, o mestre constrói a prova baseado em sua prática pedagógica (alternativa correta) ou valendo-se do seu humor para com a turma (alternativa errada). E assim todos são avaliados.

O professor, o aluno, a escola, a sociedade estão ali. O que uma prova quer provar? No dia da avaliação, o mestre entra na escola seríssimo, impoluto e decidido em aplicar, com todas as forças do sistema de ensino, aquilo que pode ser a prova da vida daqueles alunos. A figura do diretor circula os corredores da escola como para manter a lei e a ordem que a ocasião exige.

Como a turma mostra-se hiperativa porque quarenta cabeças recalcitrantes, dois professores ocupam a sala de aula para a aplicação das avaliações finais. Tchau, cola! As carteiras estão organizadas em filas regulares e ocupam toda a sala, há somente lápis e caneta sobre a carteira. O sino toca, a prova começa, o coração dispara. Alguém, vez ou outra passa mal, é de praxe.

A hora H

Uma hora de prova e os estudantes entreolham-se. A pesca pode estar em todos os lugares possíveis: na palma da mão amiga, no bolso da calça colada, no inofensivo papel rolando no chão, na ida ao banheiro suspeito, no celular da moda passageira, no caderno entreaberto, na lousa quase-mágica, no código morse corporal, nas coxas, bocas e principalmente no coração (Alguns alunos gastaram mais tempo fazendo uma cola do que estudando para as matérias…).

Alunos, tão circunspectos em pensamentos e dúvidas: paira sobre a sala, sobre a escola, sobre o mundo, um silêncio áspero para alguns e desassossegado para poucos. Olhos desconfiados vigiam outros olhos nervosos. Uma caneta tímida arrisca uma alternativa correta. As mãos descansam num queixo cansado. Dedos frágeis tateiam uma folha vazia. Dentes riem ante a prova tão fácil para quem estudou. A mente gira procurando no teto da sala a resposta esquecida. Pernas tremem de tanta emoção. Um lápis castiga a prova no ritmo do relógio como se isso pudesse segurar o tempo. Uns narizes coçam de irritação diante da pesca que não vem. O cérebro alivia-se por saber tanto. Uma boca brava desconta sua frustração em neurônios preguiçosos. O suor na testa escorre numa sala de quarenta silêncios.

O dia D da hora H

Na semana seguinte, os discentes encontram o professor da prova, que promove um terror psicológico:

- Bom dia, turma! Eu vou entregar o resultado da prova final de vocês!

Vai que cola!

Mais de Antônio JMS