A ação organizada pela Prefeitura do Rio de Janeiro para oferecer assistência social a familiares dos mortos na operação policial do Complexo do Alemão e da Penha, neste domingo (02/11), terminou sem a presença de ninguém. Funcionários municipais ficaram de prontidão das 8h às 12h na cantina da Paróquia Bom Jesus da Penha, mas nenhum morador compareceu.
O objetivo da iniciativa era orientar parentes sobre benefícios como velório gratuito, segunda via de documentos e encaminhamentos sociais. O local escolhido fica a menos de um quilômetro da Praça São Lucas, onde corpos foram enfileirados na terça-feira, em uma das cenas mais marcantes da megaoperação.
A ausência total de familiares chamou atenção e foi interpretada por moradores como um reflexo do reconhecimento, por parte das próprias famílias, do envolvimento de muitos dos mortos com o crime organizado. Mesmo com ampla divulgação da ação e presença de equipes de apoio, o salão permaneceu vazio.
SITUAÇÃO ATUAL
De acordo com o governo estadual, entre os 117 mortos — número que não inclui os quatro policiais que também perderam a vida —, 43 tinham mandados de prisão pendentes e 78 possuíam histórico criminal relevante, segundo as investigações e denúncias do Ministério Público, motivoção da operação. Outros 30 não tinham passagem pela polícia, mas estariam nas áreas de confronto no momento da operação, inclusive usando roupas da tática de guerrilhas.
Até o sábado (1º), a polícia havia identificado 109 corpos, sendo 39 de outros estados, como Pará, Amazonas, Goiás e Ceará. Oito permaneciam sem identificação. Parte das vítimas foi enterrada entre sexta-feira e sábado, entre elas Hércules de Lima, 23, cujo rosto foi destruído por um tiro de fuzil, e Yago Ravel, 19, que foi decapitado.
A operação, considerada uma das maiores já realizadas no Rio, reacendeu o debate sobre segurança pública e o papel do Estado nas comunidades dominadas por facções. A tentativa da prefeitura de oferecer acolhimento, no entanto, terminou revelando o contraste entre o discurso humanitário e a realidade: ninguém quis comparecer.
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