
Uma cena estarrecedora tomou conta das redes sociais nesta quinta-feira (15/05): uma montanha de lixo urbano, ensacada, foi encontrada dentro do prédio da própria Secretaria Municipal de Saúde de Campo Maior, cidade localizada a 82 km ao norte de Teresina. O fato, além de alarmante, escancara um problema que mostra negligência e improviso com a coleta de lixo da cidade, além de desrespeito com a população e com os servidores públicos que frequentam diariamente aquele espaço.
Toda a cidade de Campo Maior já enfrenta problemas relacionados à coleta e destinação dos resíduos sólidos, com escalas em que não se sabe, ao certo, o dia em que o caminhão da coleta passa. Entretanto, armazenar lixo dentro da estrutura física de um órgão essencial à saúde pública transcende os limites do absurdo — é um atentado à dignidade humana, à saúde coletiva e à gestão pública.
A secretária municipal de saúde é Dorilene Félix, esposa do atual prefeito João Félix. O caso, portanto, não pode ser visto apenas como um erro operacional: é um sintoma de uma administração que teve, sim, aprovação recorde do eleitor, que reelegeu o prefeito, mas que parece ter perdido o compromisso com a ordem pública, saneamento básico e com os princípios mínimos de responsabilidade.
Veja o vídeo
João Félix tem focado, claramente, na velha política do pão e circo e na pré-campanha do filho, a deputado estadual. Sobre não coletar o lixo, vereadores da base apenas disseram que o prefeito não estava "satisfeito" com a empresa. Por isso deixou de pagá-la e ela deixou de pagar os garis. Mas isso pode? Não existe cláusulas de contratos que exija a execução das atividades por parte do contratado, e segurança jurídica por parte do contratante?
O local onde a situação vexatória foi registrada em vídeo, fica ao lado da base do SAMU que acabou de ser "reformada" e inaugurada com a presença de altas autoridades políticas do Estado, que seriam autores de "emendas Pix" para a obra. Na prática, foi feita uma pintura, salas de administração, copa, repousos, banheiros, almoxarifado e não se sabe quanto foi gasto.
O estado calamitoso do ambiente também fica ao lado do Centro de Especialidades, que recebe diariamente centenas de pessoas. Para além do constrangimento político, o que se vê é um risco iminente de contaminação, proliferação de vetores e comprometimento dos serviços prestados à população. A presença de lixo em local, onde deveriam predominar higiene, controle e atenção à saúde pública, representa uma completa inversão de valores.
É urgente que o Ministério Público, Vigilância Sanitária, e demais órgãos de fiscalização e controle tomem providências. A população de Campo Maior não pode ser refém de uma gestão incapaz de coletar o lixo da cidade, nem pagar com a própria saúde pelos erros daqueles que deveriam protegê-la.
Comentários (0)
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião desta página, se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.
Comentar