O confronto da semana passada entre a polícia e criminosos do Comando Vermelho, no Rio de Janeiro, mostra o abismo moral e político que separa quem vive a realidade da violência cotidiana brasileira e quem a comenta de longe, atrás de uma bancada de TV, jornal online, uma ONG ou de uma cadeira nos governos, seja federal ou estadual. Desde as primeiras horas após a operação, uma avalanche de declarações veio de políticos de esquerda, movimentos ditos “de direitos humanos”, jornalistas, professores “cientistas políticos” e até apresentadores de televisão. Todos apressados em rotular o episódio como “chacina”, “matança de pobres” ou “invasão de favela”. Teve até quem afirmou que um bandido com fuzil pode ser anulado com uma pedrada. Uma distorção vergonhosa da verdade.
A operação não foi uma ação isolada, sem planejamento. Por isso, dos 1.500 policiais, infelizmente (só) 4 perderam a vida. Foi o cumprimento de mais de cem mandados de prisão contra líderes e executores de uma das facções criminosas que espalham terror em várias regiões do país. Esses indivíduos não são “jovens da periferia” em situação de vulnerabilidade — são assassinos cruéis, responsáveis por decapitar rivais, arrastar inocentes pelas ruas e enterrar pessoas em covas rasas após obrigá-las a cavar o próprio túmulo. Gente que faz do homicídio uma rotina, e do medo uma forma de poder. Não por acaso, eles matam e filmam tudo; depois mandam aos familiares, à imprensa e, se duvidar, às próprias forças de segurança. E eles dão esse sinal publicamente, como mandar baixar os vidros do carro ao entrar em uma região, lembram? Cadê a democracia do direito de ir e vir?
Esses chefes do crime, mortos no Rio de Janeiro, espalham terror em estados como Pará, Amazonas, Ceará, Bahia, Goiás, Espírito Santo, Mato Grosso, São Paulo e Paraíba, sem contar outros estados que não apareceram na lista, mas simmm, estão abarrotados de faccionados, inclusive o Piauí. Eles cometem crimes nos estados e fogem para o Rio de Janeiro, onde encontram um refúgio confortável, protegido por uma visão distorcida que transforma o morro em território intocável. E, de fato, há respaldo jurídico e político para isso: a liminar do ministro Edson Fachin, fruto da ADPF 635 — proposta pelo partido PSB e apoiada pelos demais “socialistas” e esquerdistas — praticamente blindou os bandidos que atuam nas favelas da ação policial. O resultado? Áreas dominadas por facções armadas que impõem toque de recolher, julgam, condenam e executam outros bandidos (bandidos que também têm mães, que fique claro) e moradores que infringirem qualquer artigo da lei deles. No Ceará, por exemplo, um trabalhador vendedor de espetinho foi morto por não conseguir pagar o “imposto” que eles pediram; provedores de internet são queimados, moradores são expulsos de suas casas e inocentes são mortos por fazer uma fotografia e gesticular com os dedos sinais de alegria, positividade, mas que os bandidos “patentearam” pra eles. As facções criaram, literalmente, um “estado paralelo”, onde o tráfico é a lei e a polícia, a inimiga. E tem “não faccionados” que apoiam isso.

Mas quando a polícia reagiu no RJ, cumprindo ordens judiciais e defendendo a própria vida, o discurso hipócrita reapareceu. De repente, quem nunca pisou em uma favela, quem jamais foi vítima de um assalto, quem nunca teve de pagar “pedágio” para vender um espetinho na esquina — ergueu a voz para acusar os agentes da lei de genocidas. Hipocrisia travestida de sensibilidade social.
Mas a narrativa de “matança” desaba sozinha. O apresentador Luciano Huck encerrou seu programa do domingo passado, o de maior audiência na TV do país no horário, com um discurso apelativo para o sentimentalismo: o “sofrimento das mães dos 117 mortos”, a “chacina policial”, o “coitadismo social”. No entanto, logo em seguida, o programa *Fantástico*, da mesma emissora, apresentou uma reportagem (VEJA NO FINAL DESTA REPOSTAGEM) de quase vinte minutos que desmontou a própria TV. Mostrou heróis policiais sendo abatidos por criminosos, drones controlados por traficantes lançando explosivos sobre os agentes e a própria negociação da polícia com 26 bandidos encurralados dentro de uma casa — tudo gravado —, onde os heróis militares optaram pela negociação, poupando vidas de quem não pouparia as deles. Os traficantes estavam com 17 fuzis. A polícia poderiam ter facilmente fuzilados os 26, mas não fez. Isso, porém, não é pauta nas manchetes “indignadas”, nem nos comentários de TV ou dos governos favoráveis aos “direitos dos favelados armados”. Onde está a “matança” de que tanto falam?



O discurso é tão fascista — sim, fascista — que, três dias após a “matança” do Rio de Janeiro, policiais do Ceará mataram 7 na cidade de Canindé. O Em Foco fez as contas e, por número proporcional de habitante de Canindé e o número de mortos, os 7 de Canindé são mais que os 117 do Rio de Janeiro, mas ninguém falou nada. Sabe por quê? Porque o governador do Ceará é, discursivamente, de esquerda. Mesmo com a globalização da informação, parece que nem a professora pesquisadora que virou piada com sua teoria da “pedrada” soube desse fato. E se soube não disse nada.
As imagens e vídeos amplamente divulgados desmentem toda a narrativa: os mortos portavam fuzis, vestiam roupas camufladas e agiam como guerrilheiros urbanos. E não foram mortos na favela, mas na mata pra onde fugiram das forças de seguranças. Logo, deviam algo. Porque dos 110 mil habitantes das duas favelas, somente esses foram se embrenhar na mata? Entre os mortos, havia negros, sim, mas a maioria era de brancos e criminosos, não “vítimas da desigualdade”. Alguns dos mortos, inclusive, se exibiam em redes sociais com colares de ouro, motos caríssimas e, claro, muitos fuzis. Entre os mortos, também havia policiais que tombaram cumprindo o dever — e dois dos quatro mortos eram negros, trabalhadores. São eles vítimas de quem?
A verdade é que o Estado brasileiro perdeu uma grande oportunidade de golpear de forma decisiva as facções que hoje controlam territórios, impõem leis próprias e desafiam abertamente a soberania nacional. O que aconteceu no Rio deveria servir de exemplo para o país inteiro mostrar que existe governo, que há forças de segurança dispostas a agir e que criminosos armados não podem ditar as regras de uma nação.
Mas preferiram o caminho fácil do discurso politizado, do sentimentalismo seletivo, da inversão moral que transforma bandidos em vítimas e policiais em algozes. Enquanto isso, quem vive nas periferias, nas cidades menos desenvolvidas — o trabalhador honesto, o pai de família, o jovem que quer estudar — continua refém do medo, esquecido por aqueles que dizem “defendê-lo”





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