
O governo dos Estados Unidos revogou o visto do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e estendeu a medida a outros ministros da corte e seus familiares diretos. A decisão foi anunciada nesta sexta-feira (18) pelo secretário de Estado, Marco Rubio, por meio de suas redes sociais, e é vista como uma retaliação às decisões da Justiça brasileira contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Segundo Rubio, a medida responde àquilo que chamou de “perseguição política” no Brasil. A ação se alinha a uma política externa do atual governo norte-americano que tem adotado sanções a autoridades estrangeiras envolvidas, segundo os EUA, em violações à liberdade de expressão. Em maio, o Departamento de Estado já havia anunciado que barraria vistos de agentes públicos envolvidos em práticas repressivas contra opositores.
A decisão do governo norte-americano ocorre no mesmo dia em que a Polícia Federal impôs o uso de tornozeleira eletrônica a Bolsonaro, por determinação do ministro Alexandre de Moraes. O ex-presidente é alvo de inquéritos que investigam tentativa de golpe e articulação de fake news, processos relatados por Moraes no STF.
A atitude de Washington gerou forte reação do governo brasileiro. O Palácio do Planalto estuda convocar a embaixadora em Washington, Maria Luiza Viotti, para prestar esclarecimentos, e considera a medida como uma ingerência direta nos assuntos internos do país. A diplomacia brasileira ainda avalia se adotará medidas mais firmes, como a suspensão temporária de compromissos bilaterais ou outras formas de protesto institucional.
No Congresso, lideranças governistas classificaram a medida como “um ataque às instituições democráticas brasileiras” e “uma tentativa inaceitável de interferência internacional”. Para o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), a punição imposta a Moraes e aos ministros do STF é uma retaliação explícita ao Judiciário brasileiro, e um gesto político com potencial de acirrar ainda mais as tensões entre os dois países.
A crise diplomática se agrava em um momento sensível, com o Brasil se aproximando das eleições de 2026. Membros do governo temem que a escalada de ações por parte dos EUA possa alimentar narrativas extremistas no Brasil e prejudicar a estabilidade institucional.
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